🔥 VISÃO GERAL 🔥
Este livro contém quinze sermões de John Wesley, fundador do movimento cristão Metodista, cujo símbolo é uma cruz em frente a uma grande chama, representando o avivamento espiritual em Cristo. Desses quinze, treze são sobre o Sermão da Montanha (Mateus 5–7), e os dois primeiros vêm a título preparatório. O livro ainda contém uma breve introdução, um bom resumo biográfico de John Wesley, várias fotografias em preto-e-branco, um guia de estudo com perguntas sobre cada capítulo, e um índice remissivo.
A edição é um pouco grande, e com letras pequenas. A quantidade de texto, disposta aqui em 250 páginas, deve equivaler a umas 350 em um livro de dimensões normais. O papel é bom para a leitura, amarelado. Não há muito espaço nas margens para anotar.
Há alguns erros de revisão ao longo de todo o texto, que pretende ser uma tradução acessível, “na linguagem de hoje” (p. 9). Como exemplo de lapso gramatical mais crasso, indico a página 222, onde se lê “discurso *mal* e inútil”, em vez de “mau”.
🔥 ESTILO 🔥
A tradução “na linguagem de hoje” dificulta qualquer análise mais detida sobre o estilo do autor, que precisaria ser estudado no original. Wesley viveu de 1703 a 1791, e mesmo seu inglês deve guardar grandes diferenças para com o inglês de hoje.
Há, no entanto, um comentário que pode ser feito, porque independe da tradução. Percebi que a qualidade do texto resta prejudicada pelo simples fato de que os “Sermões” são para serem falados, e falados com emoções e pausas, como manda a oratória dos pregadores evangélicos até os dias de hojes — oratória esta que parece constituir um campo todo seu, com convenções várias e característicos inconfundíveis. Isso é perceptível no discurso de pastores das mais diversas denominações, inclusive no Brasil.
Quem lê estes sermões de Wesley pode ficar com a impressão de que o autor se repete muito; de que não se vale das ênfases necessárias para hierarquizar suas idéias diante do leitor; de que profere muitas palavras de força e pouco discurso de preenchimento e descanso; de que a organização do texto é precária e tumultuosa. Tudo consequências, eu diria, de estarmos lendo Wesley, e não ouvindo Wesley.
É claro que a tradução “em linguagem de hoje” também pode ter prejudicado o texto; pelo menos as versões da Bíblia traduzidas neste estilo revelam-se fracas e sem brilho se comparadas a traduções mais antigas — quer as adotadas por católicos, quer por protestantes.
🔥 TRECHOS 🔥
Cito a seguir trechos que se destacaram ao longo da minha primeira leitura.
➯ « Pendure isso no pescoço, escreva no coração, vista como uma pulseira no seu braço, mantenha sempre diante dos seus olhos: “Sou justificado gratuitamente por sua graça, por meio da redenção que há em Cristo Jesus”. » (p.59)
➯ « Não foi só às multidões que estavam com ele no monte que Jesus ensinou o caminho da salvação. Jesus estava ensinando a todos nós. Estava ensinando a todos os homens, a toda a humanidade. Jesus estava ensinando às crianças que ainda não haviam nascido e a todas as gerações futuras. Estava ensinando a todos que algum dia ouviriam a palavra da vida. » (p.65)
➯ « Os pobres [humildes] em espírito [Mt 5:3] são os que se conhecem. São os que têm convicção [consciência] dos próprios pecados. » (p. 69; glosei)
➯ « Entretanto, agrada a Deus — que age em tudo — ajudar o homem, principalmente por meio de outro homem. » (p.102)
➯ « Precisamos retirar-nos do mundo diariamente, pelo menos pela manhã e à noite, para conversar com Deus. » (p.113)
➯ « Se as pessoas [que ajudamos] acabarão finalmente salvas ou perdidas, é irrelevante. Ainda recebemos a ordem expressa de alimentar os famintos e vestir os desnudos. Se pudermos, mas não o fizermos, independentemente do que ocorrer a eles, iremos para o fogo eterno. Ainda que só Deus mude o coração, em geral faz isso por meio dos seres humanos. » (p.123; glosei)
➯ « [Jesus] não apresentou uma nova religião ao mundo. É a mesma que estava no mundo desde o princípio. Sua substância é, sem dúvida, tão antiga quanto a criação. » (p.129) OBS: idéia deste gênero aparece também no livro do Padre A.-D. Sertillanges, “O Milagre da Igreja” [ 🔗https://www.amazon.com.br/review/R162ZMTAHCJCAS/ref=cm_cr_srp_d_rdp_perm?ie=UTF8 ]
➯ « Não pensem que os resultados dependem da extensão da oração. » (p.147)
➯ « O objetivo da sua oração não é informar Deus, como se ele não soubesse o que você quer. A oração é para você se informar. É para pensar no sentido de seus desejos mais profundos. » (p.148)
➯ « Tanto a busca como o gozo das coisas mundanas são vaidade. Você realmente anda em trevas vazias e em vão se aflige. Anda em trevas que podem ser tocadas. Dorme e dorme, mas não recebe descanso. Os sonhos da vida podem causar dor, e você sabe que não podem dar paz. Não há descanso neste mundo ou no mundo por vir. O descanso está só em Deus.» (p.181)
➯ « É vontade de Deus que pensemos a respeito de tudo o que fazemos. Devemos ter um entendimento claro daquilo que faremos e precisamos planejar antes de entrar em um negócio. [...] Essa preocupação, chamada por alguns de “preocupações da vida”, não é de modo algum condenada por Jesus. || O que Jesus condena é o cuidado ansioso do coração. É a preocupação angustiada, desconfortável, perturbadora.» (p.200)
➯ « “Assim, em tudo façam aos outros o que vocês querem que eles lhes façam; pois esta é a Lei e os Profetas.”[Mt. 7.12] Esta é a lei real. É a regra áurea de misericórdia e também de justiça. Até um imperador pagão tinha essa inscrição sobre a porta de seu palácio. Trata-se de uma regra que muitos acreditam estar naturalmente inscrita na mente de todos os que nascem neste mundo. [...] Nenhum homem pode transgredi-la conscientemente, sem carregar a condenação no próprio coração. » (p.216)
➯ « Recuse-se a fazer a sua própria vontade em todas as coisas e tome sua cruz diariamente. Faça isso de modo que possa entrar no Reino dos céus. » (p.226)
🔥 JULGAMENTO 🔥
Preciso alfim é julgar o livro, com nota bem justificada.
A parte gráfica me incomoda, em especial a grande quantidade de texto por página, em letra pequena.
O estilo dos sermões não permite uma leitura agradável e fluida, apesar de algumas boas passagens.
Quanto ao conteúdo, há trechos muito edificantes, como os que selecionei acima, e a biografia de Wesley inserida no início merece leitura; nada obstante, também há muitos momentos fracos, em que a exposição e a elocução deixam a desejar.
Pelas falhas acima indicadas, dou três estrelas.
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