Principal avaliação crítica
1,0 de 5 estrelasPerdi o ânimo com a história
14 de dezembro de 2018
O livro não é de todo ruim, mas tenho a impressão que estou lendo outra coisa, bem diferente do primeiro livro, que eu tanto gostei. Não é como se a história estivesse avançando. Ela foi mudando e parece que não tem linearidade. Parece que a cada livro, a autora resolve mudar de ideia sobre o que o personagem vai fazer, como vai agir. É como se nem ela soubesse direito como vai conduzir sua história até o óbvio final feliz de Aelin reinando próspera em Terrasen. Como se mudasse de ideia a cada livro sobre como vai chegar lá. Então a cada livro os personagens agem de um jeito. Dão um passo pra frente, dois pra traz. Hora se amam. Hora se odeiam. Todo mundo, quando convém, sabe de tudo, rastreia todo mundo. Sem muita explicação. Apenas por comodidade do roteiro. Ou seja, Sarah usa e abusa de soluções fáceis quando convém, sem muita explicação, enfiando guela abaixo no leitor. A famosa preguiça. A mesma coisa pros personagens, que quando convém tem umas atitudes que nem Wyrd explica! Haha
Celaena, que agora odeia este nome e virou de vez Aelin, de fato parece outra pessoa. Não por que tenha evoluído, amadurecido. Mais por que se tornou outra personagem mesmo. Sinceramente não reconheço nela mais nada da personagem que tanto gostei no primeiro livro (a menina que Aelin tanto despreza hoje).
Aelin/Celaena se tornou uma chata, mais arrogante e teimosa do que nunca, que só vê o lado dela e só sabe colocar o dedo na cara dos outros. Desde o livro passado é uma ladainha eterna de todo mundo é errado, menos ela, ou então um mar de autopiedade, mimimi e chororô. Entendo tudo o que a personagem passou. Mas isto não é justificativa pra este dramalhão que virou a história dela. No primeiro livro, mesmo com tudo o que ela tinha passado, Celaena não era este drama excessivo, que tanto pesa a história e a tornou um disco arranhado. Em nada reconheço a garota forte, que mesmo com a língua afiada e insolência, era gentil e divertida. Mesmo depois de Endovier. Pra mim Celaena tinha uma luz que nem de longe Aelin tem, ainda que se auto intitule "Coração de Fogo. Portadora da Luz".
Dorian, apesar da "ausência" é um dos poucos que vejo um arco de crescimento real. Um dos poucos que não foi descaracterizado. E que ainda gosto (salvo so ele, Chaol e Manon/Abraxos).
Já Chaol, pra mim foi o pior. Sempre vou gostar do ex-capitão da Guarda. Continua sendo o meu favorito dos "protagonistas" (ainda que ele tenha sido "expulso" deste posto rs). Eu entendi perfeitamente todos os questionamentos e posições dele. E concordei. E tmb fiquei muito feliz por ele ser um amigo tão leal a Dorian. Mas o que a Sarah fez com ele desde o livro passado é vergonhoso! Ela apagou ele completamente. E tudo isto em prol de justificar um fim entre ele e a Aelin/Celaena, sem pé e nem cabeça, pra inserir um romance com Rowan. As brigas deles ao longo do livro, só me fizeram perder a paciência pra tanto drama e forçada de barra.
Aliás, acho que um dos maiores erros da Sarah, que me fizeram perder o interesse na série, é este troca troca de casais. Aelin sempre está envolvida num drama amoroso.
Começou lá atrás num triângulo amoroso com Chaol e Dorian que a esta altura não restou nem o pó kkk. Agora me diz, qual a função de usar o clichê tão batido quanto triângulo amoroso, se no final do nada você vai mandar pro espaço e deixar a "mocinha" com outra pessoa aleatória? Hahaha. Faz nenhum sentido narrativo kkk.
Hora é Aelin chorando horrores por Sam. Hora é com Dorian. Hora é com Chaol. Agora é com Rowan. Parece que ela não sabe escrever uma relação homem e mulher que não envolva interesse amoroso. Até Arobynn (que é um mostro) e Aedion (que é primo), a Sarah ja deu um jeito de dizer que amavam ela. A impressão que dá é que ela não sabe colocar um personagem masculino ao lado da Celaena sem fazer o cara cair de amores. Até a amizade linda entre ela e o Rowan ela deu um jeito de estragar, fazendo virar um subito amor. E o jeito como literalmente a autora descarta o Chaol o mandando embora machucado, achei desrespeitoso com o personagem e os fãs (mesmo depois ela fazendo um livro a parte so pra ele. Pra mim prêmio de consolação não arruma burrada).
Enfim, é uma série muito longa. Que os livros passam fácil de 500 páginas, então tem que valer muito a pena gastar tempo e dinheiro pra continuar. Tem muita encheção de linguiça (não precisaria de tantas páginas) e a impressão, ou melhor, certeza que fica é que a autora não fazia ideia de onde a série iria chegar, então não planejou como cada livro se encaixaria num todo (Por exemplo, como a JK Rowling que pensou primeiro na estrutura da série e depois saiu escrevendo cada um dos livros de HP). A impressão que eu tenho é que ainda que haja uma "unidade", é como se a cada livro a autora mudasse de ideia e virou este Frankestein de novela mexicana haha
Pra mim, com este quarto volume eu percebi que já deu. Fiquei tão decepcionada com as mudanças súbitas no Chaol e na Celaena e no enredo propriamente dito (tudo tão diferente do clima bom e instigante do primeiro livro), que a sensação que eu tenho é que não é a mesma saga. Até personagens bons como Aedion ela conseguiu deixar pouco mais que um adolescente imaturo baba ovo. Mesmo a trama de Manon, que pra mim foi uma das poucas coisas boas do 3o livro, conseguiu ficar chata (ainda que continue sendo uma das poucas coisas que gostei neste livro).
Então, é isto. Visto a novela mexicana que virou a série. A descaracterização dos personagens. O foco excessivo em dramas amorosos, DRs e casais. Perdi o interesse. Uma pena. Pra mim se seguisse a linha do primeiro livro, seria uma baita série.