Principal avaliação positiva
5,0 de 5 estrelasO limite do contato humano
2 de fevereiro de 2018
"Solaris" definitivamente entra no rol das grandes obras de ficção científica por sua incrível densidade e criatividade. A sinopse é simples: numa estação espacial se encontra três cientistas especializados no estudo do planeta que estão visitando, Solaris. Tal planeta é uma única entidade oceânica e plasmática com atividades tão além da imaginação e teorização humana que se questiona a capacidade humana de compreender qualquer coisa sobre ele. Solaris, o planeta, decide entrar numa forma de "contato" com os habitantes da estação ao criar espécies de clones das memórias mais profundas de cada um, sem que eles consigam compreender o propósito disso tudo.
Tal sinopse levanta questionamentos ainda pertinentes na atualidade: será que é possível entrarmos em contato com qualquer entidade não-humanóide? Esta seria uma atividade fútil? Qual o limite do conhecimento humano? O universo está além da nossa compreensão? Somos capazes de entender algo apenas se humanizarmos esta coisa? O que é uma pessoa? O que é um ser vivo? São diversas as questões sobre o limite do conhecimento humano e a ética em relação aos não-humanos.
O livro é riquíssimo. Além de ter uma ciência crível, sem mirabolismos fantasiosos e com explanações razoáveis, nele se encontra a discussão sobre várias teorias acerca de Solaris e seus diversos fenômenos monstruosos, sem nunca se chegar a alguma conclusão sólida do que o planeta está realmente fazendo. Esta escrita por vezes se torna exaustiva, mas é uma forma pertinente da pessoa que lê conseguir imaginar como é esta entidade tão além da capacidade humana de compreensão. Além disso há diversos dilemas éticos, especialmente na relação entre Kris e Harey, que não assume respostas fáceis e há uma diversidade de posicionamentos.
Em suma, é um livro denso, único e leitura essencial para todo fã de ficção científica e epistemologia.