Principal avaliação positiva
5,0 de 5 estrelasGostei muito
Avaliado no Brasil em 12 de dezembro de 2018
Macabéa é uma datilógrafa que saiu de Alagoas para trabalhar e viver no Rio de Janeiro. Simples e sem ambições, ela leva uma vida rotineira, a qual julga feliz, até que os que estão a sua volta acabem tentando opinar sobre.
O livro curto me enganou, pois Clarice Lispector não é pra se ler rápido, mas sim pra ler um pouco que te faz parar e refletir muito. Achei que leria em algumas horas, mas levei dias. O que é a escrita de Clarice? Amei!
Sobre a história, o narrador é extremamente chato e enrola demais pra começar a contar a história, por diversas vezes omite sua opinião sobre a protagonista, que aliás, acaba por não ser uma personagem tão forte. Ela aceita que todos opinem sobre ela e a ofendam de todas as formas, o que é uma pena, mas quando sabemos de sua criação e infância, acabamos entendendo.
A rotina de Macabéa é o foco do livro, suas ações e pessoas que passam por sua vida também. Ela se mostra satisfeita com o que tem e a descrição da sua rotina é muito gostosa de se ler, mesmo que a gente conclua, no final de tudo, que o livro não contou grande história e, de fato, não conta, mas Clarice coloca uma delicadeza nisso que é maravilhosa.
Não chego a sentir pena de Macabéa e dá pra ver que a intenção não é essa, ela não é aquela personagem "vítima", simplesmente age como acredita ser melhor e não se lamenta em momento algum.
Outro ponto alto são as pequenas coisas que deixam ela feliz, como ouvir o rádio ou ficar sozinha em casa, é, repito, algo simples, mas muito bom.
O namorado que passa a ter no decorrer do livro é extremamente detestável, acho que a intenção da autora era que o leitor o odiasse. Bom trabalho nisso.
Gostei, gostei muito. Quero ler muito mais de Clarice.