13 de fevereiro de 2016Óbvio que depois da leitura arrebatadora que foi Cinder, eu pulei correndo do sofá e fui buscar Scarlet lá na prateleira. Graças aos céus que havia comprado o segundo volume enquanto lia o primeiro - não que o cliffhanger seja muito desesperador, mas a história é tão boa, a narrativa é tão incrível e os personagens são tão indescritíveis que eu só queria mais e mais e mais. A resenha vai conter alguns spoilers de Cinder, então leia por sua conta e risco!
Cinder está presa, agora que sua real identidade foi revelada. Prestes a ser encaminhada para a corte lunar, uma vez que a rainha e o Imperador Kai fizeram um acordo - Cinder vive, contanto que seja levada até a lua. Quando lhe é estendida a oportunidade de fuga, a ciborgue não pensa duas vezes. Junto a outro prisioneiro, um ex-militar rebelde com um senso de humor absurdo, Cinder se torna uma foragida, construindo todo um caos em cima do desaparecimento; a rainha Levana quer a garota de volta ou declarará guerra contra a Terra. Do outro lado da história, somos apresentados a Scarlet; a garota do casaco vermelho mora com a avó em uma fazenda, mas a avó desapareceu há algumas semanas e os policiais estão dando o caso de busca como encerrado. Teimosa e determinada, Scarlet quer encontrá-la, e um lutador de rua misterioso chamado Lobo parece seu melhor guia para que isso aconteça.
Em meio a intrigas políticas, fugas mirabolantes e o levante de uma guerra, Marissa Meyer nos entrega mais uma obra de tirar o fôlego do começo ao fim. A narrativa, antes sentenciada à Nova Pequim graças ao cotidiano de Cinder se expande descomunalmente. Temos Scarlet na França e a ciborgue e o capitão em uma nave espacial, se escondendo daqueles que querem capturá-los. A história deles se entrelaça lentamente conforme descobrimos ligações sutis que já foram apresentadas no primeiro volume da série; o nome de uma personagem, o parentesco de outra, o que determinada pessoa fez por Cinder em seu passado misterioso.
Scarlet é um show de personagem. Diferente de Cinder, a sua coragem e determinação vêm do ímpeto teimoso que existe nela. Scarlet tem o tipo de personalidade que grita com dezenas de homens dentro de um bar. Ela é a chapeuzinho vermelho, mas não está nem um pouco perdida na floresta, tampouco indefesa em sua inocência. As únicas semelhanças com o conto original são a vovó e o seu capuz vermelho. A vovó que, aliás, é tão badass quanto a neta. E uma personagem bastante importante na trama central da série de livros.
Lobo é o lutador de rua sombrio e quieto que cruza o caminho de Scarlet. Ele tem informações que podem ajudá-la a encontrar a avó. Existe qualquer coisa sutil entre eles, algo no olhar ferido do rapaz que levam Scarlet a confiar nele. Lobo é um personagem muito quebrado. Ele tem a aparência feroz e leva o nome porque sim, ele é a nova versão do lobo mau, mas de mau ele tem absolutamente nada. É um filhote caído da mudança, isso sim. Tão solitário, sem saber nada do mundo, sofrido pela infância abusiva. O seu passado é de vital importância para explicar um ponto chave do livro e dos próximos que virão, e quando você descobre isso quer abraçá-lo ainda mais.
Scarlet é a alfa da relação, que fique bem claro. Eu adoro como o Lobo abaixa a cabeça diante de tudo o que ela fala e comanda, e não pensa duas vezes antes de obedecer a garota ruiva. A ligação entre eles é uma faísca que se torna uma explosão e você só quer que eles se beijem e se amem enquanto ainda podem, porque o clima na história começa a ficar mais e mais tenso conforme se aproximam de onde está a avó dela.
Cinder está em uma nova jornada agora. A ideia da liberdade com a qual ela tanto sonhou se torna uma lenda em sua mente, porque ela precisa sobreviver. A rainha Levana a está caçando e todos a querem de volta à prisão. Cinder não é uma criminosa, mas se esconde como se fosse, jamais cogitando a hipótese de realmente assumir a verdadeira identidade. Esse medo é bem forte e move muito a personagem em suas decisões, e é incrível como ela continua a mesma, ainda que esteja mudando conforme se afeiçoa às descobertas.
Ao lado dela, está o meu personagem favorito. Capitão Thorne - sim, tem que ter o capitão - é um fugitivo da República da América. Ele desertou do exército e foi capturado e feito prisioneiro por meses em Nova Pequim, até que Cinder caiu do seu teto e ofereceu uma chance de escape. Sem fazer ideia de quem ela realmente é, Thorne oferece a sua nave e seus serviços para ajudar seus pescoços a saírem dali com vida. Ele é apenas a melhor pessoa. O humor, os trejeitos, o sorriso torto e aqueles comentários perspicazes que existem pra cutucar as pessoas próximas dele, eu amo cada cena com o Thorne. Amo tanto que fico sem palavras para expressar! Thorne é o Han Solo. Ele tem um senso de honra com a nave dele e com ele mesmo e, com o tempo, para com a Cinder também. A missão de escape se torna uma missão de proteção e então de salvamento e de repente ele está dentro de uma intriga política sem nem saber porque diabos foi parar ali. No próximo volume da série, Thorne vai encontrar o seu ship e eu já tive alguns vislumbres de quem ela é - inclusive, vocês também terão, porque ela aparece no primeiro livro - e eu estou rolando no chão em antecipação pela fofura que vai ser!
Além do quarteto, Kai tem seus belos capítulos de destaque. Ele está mais sombrio e solitário agora que é imperador, e mais desesperado pelas responsabilidades impostas a ele. Kai ainda é um garoto perdido em seu governo, sem saber como seguir os passos tão bem calculados do pai, mas tem apoio do conselheiro e o amor do seu povo, e toma todas as decisões, mesmo as mais arriscadas, depois de pesar o que será melhor para aquele mundo. Ele é tão herói, tão bebê, tão cheio de honra! Tem tanta honra que toma um caminho perigoso no fim do livro, mas o mais certo para garantir a paz na Terra. MALDITO SEJA VOCÊ, FILHOTE DE STARK!
Scarlet apresenta respostas a segredos bem guardados, entrega ao leitor novas teorias de conspiração e dá o ar do que a guerra guarda para a Terra e a Lua e para as pessoas em ambos os mundos. Constrói ships poderosos e personagens inesquecíveis, e te faz correr até a prateleira para pegar o terceiro volume da série, porque As Crônicas Lunares é uma das melhores coisas que vai existir na sua vida!