Principal avaliação positiva
4,0 de 5 estrelasDECEPCIONANTE/EMPOLGANTE
18 de junho de 2017
Faz quase um ano que comprei este livro mas estava com medo de iniciar a leitura. Posterguei até o começo desta semana, quando decidi finalmente me aventurar. Explico: tenho tara por filosofia e sou um apreciador do estilo descontraído do professor Clóvis. Apesar de não concordar com a maioria das coisas que prega, agrada-me ouvir suas palestras. Então esta obra tratava-se de um prato cheio, destas que demoramos a apreciar, para que a boa sensação demore.
Iniciada a leitura, numa primeira parte encontramos os capítulos capitaneados justamente pelo professor Clóvis. Apenas poucas páginas foram necessárias para me ocasionar um descontentamento geral. Ao invés de aprofundar-se nos temas que divagava, o autor preferia enumerar suas próprias qualidades, de uma maneira velada. Com passagens desinteressantes sobre sua vida pessoal e sobre como ele próprio nem sempre gosta do que faz, ocasiona um desentusiasmo no leitor, podendo levar até ao abandono da obra daqueles que forem menos devotos da filosofia.
Há alguns pontos que falaram muito alto para mim, algumas narrativas de antigos filósofos, mas há também uma penca de generalidades e indicações para livros de terceiros, segundo os quais baseia os argumentos. É bem morno e pífio. Se a filosofia serve para gerar dúvidas, o professor Clóvis traz aqui certezas demais. Isso é ruim. É péssimo.
Findados os capítulos iniciais, parti para a metade final, escrita por Júlio Pompeu, um até então desconhecido para mim.
Não sei se por causa dos temas políticos que abordou, da forma de conduzir os parágrafos ou por decepção tamanha com o escritor anteriormente citado, fiquei cativado por todo o conteúdo que li nos capítulos finais. A impressão é a de que não esquecer-me-ei do conteúdo, nem daqui a muitos anos, pois há uma riqueza de argumentos e ideias que eleva a leitura a um patamar dificilmente encontrado em livros desta natureza mais genérica.
Só não digo que todo mundo deveria ler este livro (principalmente a metade final) pois a filosofia precisa ser iniciada, jamais imposta. Uma boa forma de qualquer um começar a enveredar por estes caminhos é através do sempre recomendado "O Mundo de Sophia", de Jostein Gaarder, uma ótima introdução ao assunto.
Daí para cá, é um pulo. Para entedermos que nada é e não é; nada pode e não pode; nada é certo e incerto; e que posso ter certeza de algo e não ter. E posso/devo aceitar posições e filosofias divergentes porque há inúmeros fatores dos quais nunca se haverá um consenso total do que as ideias representam. O próximo passo é procurar mais livros do surpreendente Julio Pompeu. E não deixarei de acompanhar Clóvis de Barros Filho por uma única decepção.