Principal avaliação positiva
5,0 de 5 estrelasMuito bom, recomendo
Avaliado no Brasil em 12 de novembro de 2016
As Dez Coisas que Amei em Sobre a Escrita (Do blog: Dez coisas que amei em você, link abaixo)
1. A primeira parte do livro King conta sobre sua vida. Sua infância nada fácil mas mega criativa, sua relação em família, e como ele se fez escritor. Gargalhei alto diversas vezes, tanto que meu filho quis saber o que era tão engraçado, e acabou lendo a primeira parte inteira também (ele tem 9 anos!).
2. A escrita de King é simples e eficaz. Jamais subestime o poder de um escritor que narra de tal forma que você não percebe que acabou de devorar um livro, e em nenhum momento – nenhum- foi distraído por uma escrita que parece escrita e não um verdadeiro encontro de almas. Poucos tem essa capacidade de fazer a narrativa fluir de tal maneira que você desliza por ela. Você mal percebe quando o livro chegou ao final.
3. O livro é uma mistura de memórias, dicas e diário, mas é também uma declaração de amor à sua esposa. Pode parecer forçado, com intenções de arrancar owwwws do leitor, mas ele coloca esse amor de uma maneira tão direta e justificada que me fez acreditar que meu próprio sucesso, se um dia chegar, também estará ligado àquele com quem divido a vida. Olha que lindo!
4. Quando ele começou a esboçar a história de Carrie, a estranha, (livro que o catapultou na carreira) achou que não estava bom e rasgou as 50 páginas que tinha escrito. Sua esposa recolheu as páginas do livro quando foi limpar o escritório , e o incentivou a levar a história adiante. Já no fim do livro ele comenta que todos os romances são cartas endereçadas a uma pessoa. Os dele são escritos para ela (sua leitora ideal).
5. Amei a maneira crua como ele contou sobre o problema de drogas que teve nos anos 80. Ele traça curiosamente um paralelo entre Misery (em português Misery: Louca Obsessão- livro onde um escritor é mantido refém no rancho de uma enfermeira psicótica), com a sua completa dependência da cocaína. Segundo ele, a enfermeira nada mais representava ali que a droga que o dominava. Achei brilhante transformar a dependência em uma história fabulosa, catarse (e sublimação) de primeira!
6. Amo que ele não doura a pílula ao apontar a leitura como a prática mais importante para um escritor. Parece óbvio? Pois é, não é. No mundo de hoje, em que vemos autores vomitando na mídia que não gostam de ler, reforçar o óbvio é necessário. Como alguém consegue se debruçar sobre um texto sem conteúdo? Como um autor ou autora seria capaz de conseguir dar conta de estilo, desenvolvimento de enredo ou criação de personagem sem ler? O que sai dali? Mas pelo jeito daquele lado do mundo também tem escritores que dizem não ter tempo para ler. O recado de King? Se você não tem tempo para ler, não tem tempo nem ferramentas para escrever.
7. Com quantos livros se faz um bom escritor? A média de leitura de Stephen King é alta, e sua dedicação à prática, severa. Ele lê livros em todos os lugares e ocasiões, devora setenta a oitenta deles por ano. Já pensou ler quase um livro e meio por semana?
8. Seus insights sobre a mente de um aspirante a escritor são fenomenais. Por exemplo, em algum momento ele diz: Quase Todo mundo se lembra de quando perdeu a virgindade , e a maioria dos escritores se lembra do primeiro livro que lhe trouxe à mente o pensamento: eu consigo fazer melhor do que isso. (Se você escreve, sabe do que ele está falando!)
Outro insight: Quando lemos, acabamos absorvendo o estilo do escritor que nos agrada. Esse tipo de fusão estilística, ele afirma, é necessária para o desenvolvimento do seu próprio estilo. (Ainda me lembro bem quando notei que havia misturado o estilo da rainha da literatura canadense à minha simplória fantasia adolescente. Não deu samba, e precisei modificar quase tudo.)
9. É maravilhoso ouvir alguém dar a fórmula de um romance melhor:
2ª versão = 1ª versão -10%
Isso serve para posts em blogs, resenhas, livros, matérias jornalísticas. Tudo parece melhor quando desinchado.
10. O melhor do livro para mim foi ser convidada a entrar na mente de um grande escritor e vê-lo contar, de maneira deliciosamente simples, como ele lida com a linguagem e como ela -a via pela qual essa arte floresce- não pertence apenas aos grandes. Somos todos contadores de histórias, oras. Alguns de nós melhores que outros, sim, mas há espaço para melhorar. Como sou das que acredita em esforço, o livro de King vem como um apoio- ou carta de autorização, como ele mesmo diz no final: Você pode, você deve, e se tomar coragem (ou persistir) para começar, você vai.
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